As passagens aéreas vão ficar mais caras por causa do Voa Brasil?
O Ministério de Portos e Aeroportos já anunciou que o programa Voa Brasil deve ser lançado no segundo semestre; entenda o impacto nos preços das passagens aéreas.
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, anunciou na última semana que o Governo Federal deve lançar, no segundo semestre deste ano, o programa Voa Brasil. Segundo ele, o objetivo é democratizar o acesso às passagens de avião, com custo previsto de R$ 200 por trecho voado.
Como o programa de passagens aéreas por 200 reais não será destinado a toda população, muito tem se questionado se as demais passagens aéreas vão encarecer por causa da implantação do Voa Brasil.
Conforme o ministro, o Governo Federal não vai oferecer subsídio, mas sim a organização do novo programa. As vendas deverão ser feitas nos sites das próprias companhias aéreas, que devem exibir a opção do Voa Brasil.
Até então, ele informou que Azul, Gol e Latam já sinalizaram positivamente à novidade. Em nota, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou que está acompanhando a proposta e tem mantido diálogo constante com os órgãos do Governo.
Os interessados, que cumpram os critérios para participar do programa, poderão realizar a compra, que será intermediada pela Caixa Econômica e pelo Banco do Brasil. Os viajantes poderão comprar até duas passagens por ano, com direito a um acompanhante. Sobre o pagamento, os bilhetes aéreos deverão ser pagos em até 12 vezes com juros, com custo de, no máximo, R$ 72 para cada prestação.
Quem poderá comprar as passagens aéreas de 200 reais?
Nem toda a população poderá sem contemplada pelo Voa Brasil. O programa vai atender a alguns grupos específicos. São eles:
- servidores públicos municipais com salário de até R$ 6,8 mil;
- servidores públicos estaduais com salário de até R$ 6,8 mil;
- servidores públicos federais com salário de até R$ 6,8 mil;
- aposentados e pensionistas da Previdência Social;
- estudantes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Programa Federal vai encarecer as demais passagens aéreas?
Na visão do ministro, isso não vai acontecer. França afirmou que a passagem não vai ficar mais cara para os demais viajantes, já que o custo de cada trecho é calculado com base no número de assentos por quilômetro voado.
Conforme o ministério, o programa vai vender os bilhetes aéreos mais baratos fora da alta temporada: entre fevereiro e junho e também entre agosto e novembro. Portanto, o Voa Brasil não terá bilhetes disponíveis na alta temporada: em dezembro, janeiro e julho – meses tradicionalmente aquecidos pelas férias escolares.
Ainda segundo a pasta de Portos e Aeroportos, fora de temporada já ocorre uma ociosidade média de 21% nos voos domésticos. Por isso, a ideia é vender somente os assentos que estariam ociosos.
O valor da passagem, estimado até então em R$ 200, deverá suprir o custo marginal, ou seja, o gasto para transportar um passageiro a mais. Segundo o engenheiro aeronáutico, Igor Pires, em artigo publicado no Diário do Nordeste, se o programa for implantado para 5% dos assentos ociosos, o impacto será de cerca de 2 bilhetes apenas por voo.
Por outro lado, suprir a ociosidade nos voos pode causar alterações para as companhias aéreas. A pontuação foi feita por Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, em entrevista recente à CNN Brasil. Segundo ele, existe uma “margem de segurança nas aeronaves”, com vagas para atraso ou reposições de voos e por isso a ociosidade não seria uma “inimiga completa” para as empresas aéreas.
Já o economista Cleveland Prates, sócio diretor da Microanalysis e professor da FGVLaw, em fala ao Capital d’O Globo, afirmou que a medida vai alterar toda a organização das companhias aéreas. Isso porque até então quem comprava de última hora pagava mais caro pelo assento e que se acontecer a “reserva” de bilhetes aéreos para o Voa Brasil, o preço deverá ser “calibrado“ para os demais passageiros.
Dessa forma, ainda é cedo para definir qual será o real impacto da proposta do Governo Federal no custo dos demais bilhetes aéreos, até mesmo porque até o lançamento oficial da proposta pode haver alterações no público alvo e até nos valores estabelecidos.
Também não está definido ainda como será o modelo de reserva dos bilhetes aéreos do Voa Brasil, que pode acontecer com um modelo similar ao bilhete stand by, no qual o passageiro só pode embarcar se houver assentos livres, ou se haverá reserva com antecedência de uma porcentagem dos assentos que poderiam ficar ociosos.
Qual é a sua opinião? Você acredita que as passagens aéreas por R$ 200 vão encarecer (ou não) as demais passagens? Compartilhe seu ponto de vista com a gente pelo LinkedIn.