Por que as companhias low cost não emplacaram no Brasil?

Menos comodidades no voo em low cost pode ser a principal razão para escolha dos passageiros por companhias aéreas tradicionais.

As companhias aéreas de baixo custo, também conhecidas como “low cost”, têm ganhado popularidade em muitas partes do mundo, oferecendo passagens aéreas a preços muito mais baixos do que as companhias tradicionais. 

No entanto, no Brasil, essa tendência parece não ter emplacado da mesma forma que em outros lugares. 

Neste artigo, exploramos as razões pelas quais as low cost não conseguiram conquistar o “coração” do viajante brasileiro, incluindo fatores como viagens menos confortáveis, pagamento por bagagem e voos sem amenidades extras, que justificam porque, apesar da potencial economia, muitos brasileiros ainda não se sentem atraídos por essas companhias aéreas. 

O fenômeno das companhias low cost

As companhias aéreas de baixo custo surgiram prometendo uma “revolução” na indústria da aviação, permitindo que mais pessoas tivessem acesso às viagens de avião com preços mais acessíveis.

Essas companhias têm uma abordagem diferente das empresas tradicionais. Podemos dizer que é um esquema de “pague pelo que usa”, já que os passageiros têm direito apenas à passagem aérea, mas podem escolher os serviços e comodidades que desejam adicionar e pagar extra por isso, em vez de ser tudo automaticamente incluído no preço da passagem.

O modelo de negócios das low cost se baseia na eficiência e no corte de custo em serviço de bordo, entretenimento e até mesmo no espaço entre assentos. No entanto, esses cortes muitas vezes resultam em viagens bem menos confortáveis do que as oferecidas pelas companhias aéreas tradicionais. 

No Brasil, essa falta de conforto tem sido um dos principais motivos pelos quais as low cost não emplacaram como um grande sucesso. 

A low cost Viva Air, da Colômbia, reflete bastante esse cenário. Essa é uma companhia de baixo custo que chegou a operar no Brasil, mas suspendeu as atividades neste ano. 

Para se ter uma ideia, mais de mil e setecentos comentários classificaram o serviço como “horrível” na página da companhia no TripAdvisor. Dentre as principais queixas estão falta de conforto para voos longos, assentos com pouco espaço e/ou que não reclinam, taxas para despachar malas, cobrança da escolha do assento e nenhuma comodidade no voo, como água. 

Essas restrições relacionadas a tudo que é “supérfluo” fazem parte do conceito das low cost — que oferecem apenas o básico para o voo — mas parecem ter desagradado boa parte dos consumidores que não estão acostumados com esse tipo de serviço ou que esperaram pagar mais barato e receber o serviço “de costume” das companhias aéreas tradicionais. 

A seguir, detalhamos os “empecilhos” das low cost para os consumidores brasileiros. 

Viagens menos confortáveis

Um dos principais atrativos das companhias aéreas de baixo custo é o preço das passagens. No entanto, essa economia muitas vezes vem à custa do conforto dos passageiros.

As aeronaves das low cost geralmente têm menos espaço entre os assentos, poltronas mais estreitas e menos reclinação. Isso pode tornar as viagens menos confortáveis, especialmente em voos longos.

Pagamento pela bagagem

Outra característica comum das companhias aéreas de baixo custo é o pagamento separado pela bagagem despachada. 

Geralmente, as low cost geralmente cobram uma taxa adicional para os passageiros que desejam despachar malas, permitindo apenas uma bagagem de mão pequena. Essa política é uma das principais fontes de receita para essas companhias, mas também pode ser uma fonte de frustração para os passageiros.

Para estadias mais longas ou até mesmo para viagens internacionais, pode ser muito complicado viajar com pouca bagagem e o envio de malas encarece o voo da low cost. 

low cost no brasil
Passageiros buscam comodidades no voo que encarecem o ticket de low cost

Voos sem amenidades extras

Se você gosta de comer à bordo, em uma companhia low cost isso vai custar a mais. Já que dentro do conceito deste negócio, está a eliminação de amenidades extras, como refeições gratuitas, entretenimento e serviço de bordo. 

Embora isso contribua para a redução dos custos, também pode tornar a experiência de voo menos agradável, especialmente para passageiros em voos longos. 

Alguns relatos de passageiros ainda apontam que algumas low cost não aceitam cartão de crédito ou débito, mas apenas dinheiro físico em determinada moeda. Por exemplo, passageiros que voaram pela Viva Air afirmaram que, para comer a bordo, só pagando em dólar físico. 

Economia no preço (ou não)

Embora as companhias aéreas de baixo custo sejam conhecidas por oferecer passagens mais baratas, a percepção de economia nem sempre corresponde à realidade. 

Isso porque muitas vezes, quando se adicionam as taxas extras, como pagamento por bagagem e escolha de assentos, o custo total de uma viagem em uma low cost pode se aproximar do preço de uma passagem em uma companhia aérea tradicional.

Dessa forma, outro desafio que as companhias aéreas de baixo custo enfrentam no Brasil é a forte concorrência das companhias aéreas tradicionais. O mercado de aviação brasileiro já é bastante dominado por grandes empresas que operam rotas domésticas e internacionais há muitos anos. 

Esse fator inclusive pode passar uma imagem de “insegurança” para as low cost, já que não são tão conhecidas pelos passageiros. 

E agora? O futuro das low cost no Brasil

Embora as companhias aéreas de baixo custo ainda tenham desafios no Brasil, com mais conhecimento sobre a proposta desse modelo de serviço, esse tipo de companhia aérea pode atrair os viajantes certos: passageiros que querem viajar com menos comodidade, mas com um preço mais econômico. 

Inclusive, recentemente, o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, disse em entrevista no noticiário A Voz do Brasil, que existe uma iniciativa para atrair mais low cost para o Brasil. “Elas estão chegando e fazem um preço muito mais barato”, afirma. 

A autorização para as cias low cost vem da ANAC, que em agosto deste ano aprovou novas operações no Brasil

Qual é a sua opinião sobre as low costs no Brasil? Você acha que este tipo de serviço vai emplacar no país? 

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Elaine Maciel
Elaine Maciel

Elaine é comunicóloga pela UFSJ e embarcou no desafio de fazer parte do time de comunicação e marketing da Onfly como Analista de Conteúdo. Para conversar com ela, basta enviar um e-mail para [email protected]!