O que aprendemos em 2022, uma honesta retrospectiva sobre o ano da Onfly!
30 de dezembro, aproximadamente meio-dia e onze, o Pelé nos deixou ontem. Para mim que sempre gostei de futebol e me inspirei durante anos em minha trajetória, não está sendo um dia completamente feliz.
Veja que na mesma semana perdemos Jair Bala e Pelé, alguma coisa estranha está acontecendo lá em cima para Deus recrutá-los em tão pouco tempo, especulo que Maradona, Sócrates e Garrincha tenham se lesionado, e Deus precisou agir rápido.
Enfim, a vida segue, Edson se foi, mas o Pelé se tornou eterno.
A última semana do ano é o momento que eu olho pra trás e faço uma retrospectiva de como foi o ano para a Onfly. O objetivo nunca foi massagear o ego, mas entender as merdas que aconteceram e evitar que se repitam no futuro, simples assim.
Em gestão de projetos, há uns 15 anos atrás, chamávamos isto de cerimônia de “Lições Aprendidas”.
Hoje em dia, imagino que a galera ultra-mega-power-blaster-pica-das-galáxias de “agile” já deve ter inventado outro nome 😉
Vamos iniciar então falando de pessoas, para uma empresa asset-light, sem avião, sem hotel, sem carro, sem fábrica, sem máquinas e sem produto físico, a única coisa que importa no final do dia são as pessoas!
Então, bora lá…
👩❤️👩 Iniciamos com pessoas, o nosso ativo mais valioso!
Terminamos 2021 com 67 pessoas e fechamos este ano com 125 pessoas no time, um crescimento de 86%.
Pra mim está claro que para gerir uma empresa com até 20 pessoas é preciso de um modelo de gestão, gerir uma empresa com até 100 pessoas se faz necessário outro modelo, e agora, estamos aprendendo a gerir uma empresa com mais de 100 pessoas, e é um jogo absurdamente diferente.
Novos ritos de comunicação, celebração e novos modelos de acompanhamento de performance. Eu sou uma pessoa muito ligada a conexões e relações interpessoais, então reconheço que é difícil não saber o nome de todo mundo, ainda estou entendendo como lidar com isso, sem gerar algum tipo de sofrimento pessoal.
Também é natural que vão surgindo silos dentro de uma mesma empresa. Como diz um amigo, um “gambá cheira o outro” e eu reconheço que um dos meus maiores papéis na Onfly é quebrar os muros entre estes silos e construir pontes.
Na minha visão, as empresas quebram quando cada tribo começa olhar pra dentro, protegendo sua própria equipe e começam a brigar com os outros times, negligenciando o que mais importa no final do dia, que é o cliente.
Dentre vários ritos criados este ano, gostaria de destacar três que desenvolvemos para aumentar a conexão entre os diversos times (Kudos para a Marina Faria, nossa Head de Pessoas):
1 – Almoço de boas vindas – A cada 2 semanas juntamos os colaboradores que entraram na última quinzena para almoçar com os founders. É um momento único de interação e conhecimento, e pra gente, é uma oportunidade de continuar na linha de frente, conhecendo ainda mais sobre os novos membros do time;
2 – Conexão Onflyers – Eu ainda não tive a oportunidade de participar, mas é uma agenda de 1 hora, com aproximadamente 14 pessoas de diversos times, em que cada um divide um pouco da sua história e dos seus sonhos. Dos feedbacks que eu recebi, ao final da reunião, as pessoas saem com muito mais empatia pelo próximo.
3 – Programa de Líderes – Montamos um treinamento focada em soft skills, com 5 encontros, para ajudar na formação de líderes atuais e futuros da Onfly. O objetivo é simples, garantir que a nossa base consiga continuar crescendo e se engajando nos diversos desafios que acontecem no dia-a-dia de uma empresa em acelerado crescimento.
Este ano também renovamos nossa certificação GPTW, e tivemos 91% dos colaboradores afirmando que é um ótimo lugar para trabalhar.
Veja que no ano anterior alcançamos 95% nesta nota, na época, tínhamos aproximadamente 45 pessoas na equipe. Quanto mais pessoas no time, mais difícil fica o entrosamento, a coerência e a uniformidade de valores e propósito.
Manter a galera engajada, em um cenário de tanta incerteza e complexidade, é de longe, o desafio mais foda para liderança da Onfly.
Estamos continuamente aprendendo, nos arriscando, nos mostrando vulneváveis, errando e acertando, mas sempre com uma boa intenção.
Enfim, no final, é tudo sobre pessoas 😉
💙 Clientes, receita e unit economics
Encerramos 2021 com 290 clientes e vamos fechar 2022 com 720 clientes recorrentes, um crescimento de 150% portanto..
Considerando que tivemos 260 dias úteis no ano, é um número aproximado de 1,6 cliente novo por dia útil.
Poderíamos ter feito bem mais, mas o número não é ruim.
Do ponto de vista de GMV, crescemos 345% e em receita 375%. Isto prova o quanto o modelo é vencedor, conseguimos crescer a receita em uma proporcionalidade 3X maior do que o número de colaboradores, um reconhecimento que estamos conseguindo escalar a operação.
Isto influenciou diretamente no nosso resultado, devemos fechar o ano com EBITDA positivo de 12%, e mesmo sendo provocado, lá no primeiro trimestre pelos nossos investidores a “a acelerar a queima de caixa” para crescer ainda mais, sempre acreditamos que é possível continuar crescendo sem ofender a última linha.
Aqui cabe um parêntesis, no playbook dos investidores de risco, se uma empresa gera caixa ela não está crescendo o suficiente. Esta falha narrativa não força a empresa crescer mais, mas estimula a gastar dinheiro de forma indevida e menos eficiente.
O mercado de tech acabou virando no segundo semestre e a nossa posição de caixa nos tornou menos dependente de uma nova captação. Se tivéssemos optado por ter crescido mais no início do ano, queimando caixa, talvez teríamos que fazer uma mudança brusca agora no final de ano, engordando as estatísticas de startups que fizeram layoff.
E graças a Deus e aos meus sócios, a gente não precisou desligar ninguém este ano por problemas de caixa.
O fato de termos levantado pouco dinheiro, apenas R$ 2milhões em dezembro de 2020, nos forçou a ser criteriosos com cada linha de despesa na empresa, sem muito espaço para “gracinhas” e “firulas” 😉
🖥️ Evolução de Produto e Tecnologia
O ano de 2022 foi desafiador do ponto de vista de tecnologia
- Abrimos para o mercado o nosso cartão corporativo;
- Lançamos nosso aplicativo;
- Inauguramos o TravelBI;
- Subimos mais de 25 novas funcionalidades ;
- Jogamos alguns códigos fora e abandonamos features que os clientes não enxergavam valor;
- Reformamos 100% da nossa solução de travel, passamos de um sistema monólito, totalmente enjambrado (tinha até código meu lá), para um sistema com múltiplas APIs, e uma interface muito mais limpa e rápida para o usuário final.
Como sou um desenvolvedor de software bem meia boca, fico feliz em saber que não tem código meu mais lá 😉
Isto vai permitir destravar uma série de melhorias que queremos e aprimorar ainda mais a jornada do viajante ao fazer uma reserva (somos obcecados por isto, acredite).
Encerramos o ano com aproximadamente 30 pessoas no time, focados em P&D da nossa plataforma e de sistemas internos.
No ano tivemos:
⌨️ 3362 commits;
🖥️ 198 pull requests que geraram 155 deploys em produção, foram inúmeras novas melhorias para os clientes, e para nosso time de operações, somos obcecados aqui por automação e produtividade;
📟 187 mil SMS enviados, com solicitação de aprovação de passagens e RDVs;
Criamos uma área nova \o/
O ano de 2022 criamos uma área nova, de projetos, dados e integração, liderada pelo grande Paulo Alves, que agora virou até nosso CIO. Esta área entregou no ano mais de 20 projetos de integração, para grandes clientes e features que foram integradas no produto (como integração com o 99 e com cartões de crédito dos bancões).
Esta área permitiu a gente gerar ainda mais valor para os clientes enterprise e middle market, que inevitavelmente precisam de desenhos de soluções mais complexas. Foi a área do Paulo também que tornou possível um sonho antigo nosso, abrir todos os nossos números de atendimento e operações para o mercado.
Lançamos no meio do ano nosso portal da transparência, em que integramos dados de umas 4 fontes diferentes para mostrar em tempo real, sem maquiagem, como está o nosso atendimento ao cliente.
Kudos para o Ricardo, nosso gerente de operações, que tem trabalhado de forma hérculea para manter os números no alto, e todo o seu time.
Sempre acreditamos no poder da tecnologia, mas nunca negligenciamos o calor humano.
✈️ Gestão de Viagens
Tivemos 182 mil reservas em 2022, entre aéreo, hotel, carro e ônibus de 13 mil usuários e 833 empresas distintas!
Superamos em 28 % a meta inicial de GMV do ano e terminamos o mês de novembro 15X maiores que o melhor mês pré-pandemia.
Alguns dados relevantes sobre o nosso perfil do nosso viajante:
⏱️ Tempo médio de antecedência de compra (ADVP): 23 dias;
✈️ O trecho Congonhas > Confins > Congonhas foi o mais vendido com 13% de market-share;
🗺️ Latam fechou o ano com 38% de market share, seguido de Azul e GOL com 28%;
🏨 São Paulo representou 11% das reservas de hotéis, seguido por Belo Horizonte com 4% e Rio de Janeiro com 3,4%;
🛏️ O Tamareiras Park em Uberaba foi o hotel mais reservado e depois o Ibis Ibirapuera em São Paulo, ao todo reservamos 9463 hotéis diferentes, o que confirma a cauda longa do nosso segmento
🫶 Prêmios, mentorias e reconhecimentos
Conheço várias startups que receberam diversos prêmios ao longo da sua jornada e que hoje moram no famigerado cemitério de empresas que faliram.
Logo, sempre olho para os prêmios com moderação, com a preocupação que eles não vão nos desviar do caminho correto, no final do dia, o que mais importa sempre é a percepçãdo do cliente sobre os nossos serviços, a qualidade e o bem estar dos nossos colaboradores, a receita, margem de contribuição e por fim, o lucro do negócio.
Todo o resto, com todo respeito, é uma métrica de vaidade.
Mas de toda forma, vale ressaltar aqui alguns feitos no ano.
Fomos selecionados pela Endeavor para o programa de Scale-ups, tivemos mentorias foda com pessoas incríveis, aprendemos pra caramba e sem dúvida vamos carregar estes aprendizados para os próximos anos.
Pelo segundo ano consecutivo também selecionados pela 100Open como a TravelTech #1 do Brasil, e a sétima em todos os segmentos.
O legal do ranking da 100 Open Startups que são analisados contratos com os clientes, sem métricas aleatórias e de vaidade, e isto endossa muito a nossa trajetória.
Ainda sobre o 100 Open, ano de 2022 deve ser a nossa última participação pelos critérios de tamanho de empresa aceitáveis, pra gente é muito natural, todo o sonho de uma startup é virar uma empresa grande, e finalmente nós viramos.
Também fomos listados pela Pegn como uma das “100 Startups to Watch”, o que trouxe bastante visibilidade para a Onfly.
E para encerrar, pela segunda vez, entrei na lista dos 100+ Poderosos do Turismo pela Panrotas, o maior veículo de mídia focado em turismo no Brasil.
Para um rapaz, que há uns 4 anos atrás mal sabia como funcionava um “checkin” de companhia aérea, estar na lista dos 100+ ao lado dos grandes nomes do setor, é uma grande honra.
Sou muito grato a Panrotas por toda generosidade 🤗
Eu ainda me considero faixa branca no turismo, e me surpreendo todos os dias com tudo que aprendo de novo no setor.
🖥️ Vida pessoal
Preciso fazer ressalvas sobre minha vida pessoal…
Este ano engordei 7 kilos, negligenciei muito minha saúde, estourei o joelho novamente e vou precisar ir para a terceira cirurgia de ligamento cruzado anterior.
Li apenas 4 livros em 12 meses, contra uma média histórica de 15 livros por ano, foi definitivamente um ano onde eu li muito pouco.
Já tem alguns meses que estou empacado em um livro chato pra caramba chamado “Comece pelo Porquê”, do Simon Sinek, que na minha opinião não reflete em 1% do vídeo dele no TED, mas enfim, não posso dar desculpas, a culpa é só minha.
Também escrevi bem menos em 2022, curioso como eu tenho uma forte correlação entre escrita e leitura, quanto mais eu leio, mais eu escrevo, se leio pouco, não tenho motivação para escrever.
A boa notícia, é que serei pai novamente, Lucas deve nascer em março de 2023 😉
Como meta para 2023, pretendo cuidar mais da saúde, me alimentar melhor, ler mais, e estar mentalmente mais forte para todos os desafios que vão acontecer.
📆 E 2023, o que vem por aí?
O plano é continuar crescendo e levar a nossa solução de gestão de viagens e despesas para o máximo de empresas possíveis, temos clara convicção de que ainda não chegamos em 2% do mercado.
Vamos abrir escritórios comerciais em mais cidades, fazer mais eventos e aparecer em mais lugares.
Também vai ser o ano onde vamos trazer novos produtos e utilizar do nosso “flywheel effect” para oferecer mais soluções para os nossos clientes.
Queremos continuar impactando milhares de colaboradores destas empresas, ajudando-os no processo de transformação digital, devolvendo tempo para serem protagonistas em suas empresas.
E internamente, continuamos com a incansável missão de construir um ambiente legal para todos os nossos colaboradores, com muito respeito, desafio, e também, diversão.
Nos encontramos em 2023!