Afinal, o que são Travel Techs?

Saiu na PANROTAS o artigo da Onfly sobre Travel Techs, onde dividimos um pouco sobre o conceito, e como as Travel Techs representam o futuro do setor de turismo e mobilidade.

Você sabe o que é uma travel tech? Nosso CEO, Marcelo Linhares, contou sobre este termo e como andam as dicussões sobre inovação no mercado de turismo. O artigo intitulado “Travel Techs: o que são? Onde vivem? Do que se alimentam?” conta um pouco da nossa visão sobre tecnologia e turismo.

Segue um trecho…

“O termo “travel tech” é usado para definir empresas essencialmente de tecnologia que atuam de alguma forma no segmento de Viagens e Turismo, da mesma forma que existem as fintechs no mercado financeiro, as proptechs no mercado imobiliário, as agrotechs no mercado de agronegócio e as edtechs no mercado de educação.

O termo ganha relevância pelo tamanho da importância do setor na economia mundial. Uma pesquisa, realizada pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) identificou que a atividade turística movimentou cerca de US$ 8,8 trilhões em 2018, este montante é aproximadamente 10% de todo o PIB (produto interno bruto) da economia mundial.

Ademais, o mercado de Turismo é repleto de ineficiências e um terreno fértil para aplicação de tecnologia para melhorar a jornada do viajante e todos os participantes da cadeia.
Existem diversos tipos de travel techs, talvez as mais conhecidas sejam as OTAs que digitalizam a experiência de compra do viajante em um modelo “touchless”, como, por exemplo, Hurb, MaxMilhas e Decolar.com.

Há também travel techs que estão na categoria de “hotel solutions”, que essencialmente ajudam os hotéis a otimizar a distribuição, seja em canais parceiros ou vendendo diretamente mesmo, como Omnibees, Lets Book e HSystem.

Já no mercado corporativo existem travel techs focadas, como OBTs (on-line booking tools) e corporate travels com plataformas self-booking, ou até mesmo plataformas de expense management, que ajudam a resolver o problema de reembolso do viajante. Em resumo, qualquer empresa de tecnologia que atua na cadeia de Turismo pode ser classificada como uma travel tech, sem distinções.

O que caracteriza uma companhia como travel tech? Essa é uma dúvida comum, e embora não haja um consenso no que define uma empresa como sendo uma travel tech, é possível inferir olhando a relação da empresa com a tecnologia. Existem diferenças profundas entre empresas que utilizam tecnologia, versus empresas que detêm os seus ativos de tecnologia. Principalmente os ativos que influenciam na experiência da jornada do cliente, travel techs detêm estes ativos e possuem times de P&D para mantê-los e evoluí-los.

Em resumo, o fato de uma agência ter um site institucional, onde o cliente entra e submete um formulário de contato, não o transforma em uma travel tech. O jogo muda, se a agência desenvolve uma plataforma digital, onde o cliente em toda jornada de compra interage com a solução.
Basicamente é o que OTAs como 123Milhas, Zarpo e ViajaNet fazem, com um exército de profissionais de tecnologia para manter e evoluir a experiência.

Travel tech e o “trade”

Estamos diante de uma transformação profunda, acelerada de forma intensiva por uso de tecnologias como cloud computing, big data e inteligência artificial. Dito isso, está claro que profissionais e empresas do setor que querem continuar relevantes nessa nova economia devem entender as novas regras e adquirir novas competências.

Por exemplo, para operadoras e consolidadoras, se há dez anos o que importava no setor era um “bom relacionamento”, crédito e bom atendimento, hoje, além do bom atendimento (que vai ser essencial sempre, independentemente da tecnologia), é importante entregar APIs (interfaces de programação de aplicações) de conectividade para as novas agências carregarem os conteúdos de forma on-line e entregarem plataformas próprias para os seus consumidores.

Aliás, permita-me corrigir, na nova economia, vender passagem aérea, hotel, pacotes e experiências não é mais um privilégio das agências, note como as coisas mudaram. O Banco Inter, que cinco anos atrás essencialmente era apenas um negócio financeiro apoiado em contas correntes, hoje já vende passagem aérea e hotel em seu aplicativo, o mesmo caminho seguiu o Rappi, com o Rappi Travel, e veja que isto é apenas a ponta do iceberg.

Nos próximos anos vários grandes players vão entrar neste segmento, de olho em um mercado gigantesco, altamente transacional e de forte recorrência, que é o Turismo. Ou seja, é provável que daqui a dois anos, o maior concorrente das agências de viagens de hoje não seja uma empresa de Turismo, mas sim uma Magazine Luiza ou Mercado Livre.

Agências corporativas, para continuarem gerando valor, precisarão desenvolver competências de tecnologia, para entender a jornada do cliente (empresas) e tratar assuntos como, por exemplo, integração de dados e processos de reembolsos integrados com o ERP (planejamento de recursos empresariais) da empresa, bem como prover dados em tempo real para as empresas tomarem decisões rápidas.

Agentes de viagens precisam entender e aceitar que a internet democratizou o acesso à informação e que muitas vezes o viajante vai chegar para consultá-lo munido de muito conhecimento, seja de preço, seja sobre o destino, o que naturalmente eleva a régua da exigência do viajante em relação ao agente.

Profissionais da hotelaria precisam entender a cadeia de distribuição (brokers, operadoras, canais diretos), além de práticas de CRM (Customer Relationship Management) para otimizar o lifetime value (quanto o cliente gasta ao longo do tempo) do hóspede e como a tecnologia pode ser utilizada para otimizar a distribuição, elevar a experiência dos hóspedes e, consequentemente, maximizar o retorno dos acionistas.

Walter Longo, ex-presidente do Grupo Abril e grande pensador sobre inovação, recentemente afirmou que as empresas de sucesso são empresas com capacidade de “aprender, desaprender e reaprender”. Estendo esta frase para todos os profissionais do trade, “aprendam a desaprender”, abandonem velhas práticas e se permitam a aprender novas competências.”

O artigo pode ser visto na íntegra no próprio site ou na revista edição 1467, especial de tecnologia.

Ele mostra como as empresas de todo o mundo estão desenvolvendo competências de tecnologia, para continuarem relevantes na nova economia, e especificamente no setor de turismo, não se tornarem a próxima Thomas Cook, empresa centenária que pediu falência em 2019.

Falamos com alguma frequência aqui no Blog sobre como as travel techs representam o futuro do turismo no mundo.  Ano passado montamos o primeiro mapa de Travel Techs no Brasil, com aproximadamente 100 empresas, de diversas categorias. Dê uma olhada:

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