Airbnb na frente, Booking logo atrás, Despegar na lanterna: veja como estão os principais players de turismo

Veja quem está liderando a corrida da retomada do turismo no mundo, e como no pós-covid, o dinheiro está trocando de mãos, com Airbnb assumindo o protagonismo do setor
travel techs brasileiras

Que a Covid-19 foi um ponto de inflexão que destruiu valor para todos os players de turismo do mundo, isto ninguém duvida, contamos aqui, como em apenas 22 dias, só no Brasil foram R$ 38B perdido em valor de mercado.

Agora, com o fim iminente da pandemia, uma demanda represada de mais de um ano, com as pessoas trancadas em casa, chegou a hora novamente do turismo assumir o protagonismo que sempre teve na economia mundial.

Veja, recentemente, todos os principais players do setor, de capital aberto, anunciaram seus resultados do terceiro trimestre de 2021, e está claro, que está havendo mudança de peças no protagonismo do setor, que historicamente sempre foi exercido pelo Booking e pela Expedia.

Veja como está a corrida pela recuperação do Airbnbn, Booking, Expedia, CVC e Despegar.com.

1 – Airbnb

Em primeiro lugar está o Airbnb, das empresas analisadas, ela é a única que está com volume de reservas superior ao terceiro trimestre de 2019.

No Q3 de 2019 ele fez U$ 9.67B em reservas e no mesmo período de 2021 ele atingiu U$ 11.9B, 123% portanto o valor de 2019.

Muitissimo a propósito, hoje, 19 de novembro de 2019, o Airbnb vale mais que o Booking e a Expedia juntos, veja no gráfico abaixo:

Não se sabe até quando este cenário deve permanecer, o que sabemos é que Airbnb soube capturar melhor que os outros players este novo consumidor, que está misturando home-office com viagem (ei, já ouviu falar de Flexcation, dá uma olhada aqui) e ficando em estadias longas.

Clientes do Airbnb não estão apenas se hospedando, mas também morando nas hospedagens, convenhamos, algo completamente impensável há 2 anos atrás.

2 – Booking

Booking Holdings, também anunciou bons resultados no terceiro trimestre deste ano, a empresa inclusive, anunciou esta semana a compra da Getaroom por aproximadamente U$ 1.2B, para buscar uma maior relevância no mercado de distribuição B2B, hoje dominado pela Expedia.

No último trimestre, Booking fez U$ 23.6B de volume transacionado, 93% do volume do mesmo período de 2019.

Provável que no próximo trimestre, o Booking ultrapasse o volume da pré-pandemia.

Booking e Airbnb devem liderar a disputa global pelo mercado de turismo pelos próximos anos.

3 – Expedia

A Expedia embora com volume de reservas próximo do Booking, sempre teve margens menores que sua concorrente, parte pelo modelo de negócios, que tem uma grande relevância no B2B, que possui margens menores.

E também pela participação da Egencia, player do mercado corporativo, que recentemente foi vendida para a Amex.

Para fins de conhecimento, a Egencia fez em 2019 U$ 8.2B de volume transacionado com U$ 608M em receita, um take rate portanto baixo (7.4%) para a indústria.

Um dos meus palpites, inclusive, que motivou a Expedia fazer  o acordo com a Amex.

No total, a Expedia fez U$ 18.7B no 3Q/2021 contra U$ 23.9B no mesmo período de 2019, apenas 78% portanto.

4 – CVC

A CVC hoje é o maior player do segmento de turismo do Brasil, e segunda empresa de capital aberto da América Latina (hoje, a maior é a Despegar com $872M).

Já contei sobre o gigantismo da CVC por aqui e deixei claro como ela não tinha nenhuma chance de pedir RJ na pandemia, como curiosidade, este é um dos posts mais acessados do nosso blog hoje, quando buscam no Google por “CVC Faliu”,  tamanho é a procura pelas pessoas pela CVC.

Bom, se você caiu aqui de pára-quedas, não custa reforçar, a CVC é a empresa com melhor estrutura de capital do setor, com uma capacidade de captação de investimento alta, e arrumou todas as confusões que tinha em relação aos balanços e auditorias do passado, então, fique tranquilo, pode comprar qualquer pacote de viagem com a CVC que você vai ser feliz 😉

Por outro lado, a CVC está sofrendo com uma concorrência grande de players como 123Milhas e Hurb, o Hurb inclusive anunciou que realizou R$ 3,2B em vendas em 2020, a CVC em 2020 realizou R$ 6.3B.

A 123Milhas parece que fagocitou toda mídia disponível na internet e no mundo off-line e está saindo muito maior que seus concorrentes no pós-Covid.

No estudo que fizemos, baseado nos dados da Similarweb, inclusive, Hurb e 123milhas estão entre os sites mais acessados do turismo no Brasil.

Toda esta concorrência, parece que está impedindo a CVC de atingir o volume de reservas que ela tinha na pré-pandemia.

Olhando especificamente Brasil, no terceiro trimestre de 2019  ela fez R$ 4B em reservas, e no mesmo período deste ano ela atingiu R$ 2.5B, apenas 65%.

O desafio da CVC é provar que ela consegue continuar sendo relevante e protagonista neste novo momento, de pós-covid, com vários insurgentes surgindo, com muita tecnologia e um caminhão de marketing, querendo o volume dela.

SubmarinoViagens está “apenas” na posição 47, ou seja, no mundo digital, a relevância da CVC ainda é muito baixa.

5 – Despegar

A Despegar foi de longe, a que mais sofreu com remarcação e cancelamento de bilhetes, basta dar uma olhada no ReclameAqui da empresa que em 2019 tinha uma nota 7.0 (classificada como bom) e agora está em 4.9, não recomendada segundo critérios do ReclammeAqui.

Outra coisa que influenciou a comparação entre os mesmos períodos, é o câmbio, vamos lembrar, em 2019  neste período estávamos com um dólar perto de R$ 4,00, ingênuos, não imaginávamos que ainda tinha espaço para subir tanto, hoje, a cotação é de R$ 5.56

Fato, que divulgando a receita em dólar, para ter a mesma receita do mesmo período do 3Q/2019, a empresa teria que vender 39% a mais.

Se olharmos em número de transações, estamos falando que a empresa atingiu 70% do volume pré-pandemia, 1.9M transações neste trimestre, contra 2.7M em 3Q/2019, isto reforça que o maior ofensor do resultado da Despegar é realmente o câmbio.

O interessante, que em relação a valor de mercado, a Despegar hoje já está em 83% do valor de mercado pré-pandemia, hoje a empresa vale em bolsa U$ 872M, a maior empresa de turismo de capital aberto da América Latina, portanto.

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Marcelo Linhares
Marcelo Linhares

Marcelo Linhares é um dos fundadores da Onfly, possui mais de 10 anos de experiência em marketing digital e varejo omnichannel, nos últimos 2 anos estudou o mercado de viagens e percebeu que as agências tradicionais trabalhavam da mesma forma há 20 anos, e resolveu criar a Onfly para transformar este mercado. Ele está sempre disponível no e-mail [email protected]

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