Guia: como calcular a pegada de carbono em viagens a trabalho

Com certeza você já se deparou com o termo “pegada de carbono”.
Essa é uma definição que mede as emissões de gases de efeito estufa decorrentes das atividades humanas. Isso porque as atividades diárias são responsáveis por emitir gases, como o CO₂, na atmosfera, que ficam como um “rastro” de impacto humano, daí o nome.
O termo vem do inglês carbon footprint e ganha cada vez mais relevância para as empresas, que investem no ESG e em medidas de combate às mudanças climáticas.
Por isso, preparamos este guia completo de como calcular a pegada de carbono de suas viagens a trabalho. Esse é um passo essencial para entender e reduzir o impacto, fortalecendo um negócio mais sustentável.
Por que se preocupar com a pegada de carbono da sua empresa?
Calcular sua pegada de carbono em viagens a trabalho é uma etapa fundamental para reduzir o impacto ambiental.
Além de importante para o meio ambiente, uma empresa que se preocupa com a pegada de carbono ganha mais reconhecimento no mercado e dos clientes – reforçando a importância de medidas ecologicamente corretas no mundo atual.
Para se ter uma ideia, um levantamento da Opinion Box mostra que as empresas com práticas sustentáveis têm a preferência de 82% dos brasileiros. Mas, para além da preferência dos clientes, segundo a CNN, esse tópico também é bastante relevante para atrair investidores importantes.
Em 2020, a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, já havia dito que o foco da companhia seria em empresas e setores que colocam a sustentabilidade no centro da estratégia. Deu para entender qual é a importância, certo?
Como calcular a pegada de carbono?
A pegada de carbono é geralmente calculada com auxílio de ferramentas, como a Ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG Protocol, além de dados de relatórios governamentais, estudos de companhias ambientais, artigos científicos e dados de fornecedores.
Esse é um programa do Brasil, criado em 2008, responsável pela adaptação do método GHG Protocol ao contexto brasileiro e desenvolvimento de ferramentas de cálculo para estimativas de emissões de gases do efeito estufa (GEE).
Foi desenvolvido pelo FGVces e WRI, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), World Business Council for Sustainable Development (WBSCD) e 27 Empresas Fundadoras.
Para a realização dos inventários corporativos, o GHG Protocol estabelece seis passos básicos:
- Definir os limites organizacionais do inventário;
- Definir os limites operacionais do inventário;
- Selecionar metodologia de cálculo e fatores de emissão;
- Coletar dados das atividades que resultam na emissão de GEE;
- Calcular as emissões;
- Elaborar o relatório de emissões de GEE.
A ferramenta pode ser acessada por meio de um formulário desenvolvido pelo Registro Público de Emissões da Fundação Getúlio Vargas.
Esse utilitário, bem como a divulgação dos dados de forma pública, fazem parte de uma agenda de enfrentamento às mudanças climáticas nas organizações. Além disso, oferece padrões de qualidade internacional para contabilização das emissões e publicação dos inventários.
Já que, no mundo todo, o GHG Protocol foi desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI) em parceria com o World Business Council for Sustainable Development (WBSCD).
O seu objetivo é oferecer diretrizes para contabilização de gases de efeito estufa, com caráter modular e flexível, além de ser compatível com as normas ISO e com as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Dentre as empresas que fazem sua divulgação pública da emissão de gases de efeito estufa pelo Programa Brasileiro GHG Protocol, estão: Latam, Azul, Gol e Movida – empresas diretamente envolvidas em viagens corporativas.
Com isso em mente, a seguir, preparamos um guia completo com as orientações gerais para calcular a pegada de carbono das viagens a trabalho.
Passo a passo para calcular a pegada de carbono nas viagens corporativas
Passo 1: Coleta de Dados
O primeiro passo para calcular a emissão de gases de efeito estufa e, portanto, a pegada de carbono nas viagens corporativas, é coletar todos os dados relevantes.
Isso inclui informações como a distância percorrida, o meio de transporte utilizado (avião, carro, ônibus etc.), a duração da viagem e o consumo de combustível ou eletricidade.
Muitas dessas informações podem ser encontradas em recibos, itinerários de viagem e sites de companhias aéreas, ferramenta do Google ou diretamente na sua plataforma de gestão de viagens corporativas.
Passo 2: Calcule as Emissões de CO₂ por Meio de Transporte
Cada meio de transporte emite uma quantidade diferente de dióxido de carbono (CO₂) por quilômetro percorrido.
Pesquise as emissões típicas associadas ao seu meio de transporte e multiplique pelo número de quilômetros viajados. Para voos, esse dado é ainda mais simples, já que as companhias aéreas, a ferramenta do Google ou plataformas de gestão de viagens podem oferecer a emissão estimada para cada operação.

Passo 3: Alocação de Emissões
Se você está compartilhando uma viagem corporativa em grupo com colegas de trabalho, divida as emissões conforme o número de pessoas na viagem.
Isso é especialmente importante para viagens de carro ou táxi, onde as emissões podem ser significativamente reduzidas quando as pessoas estão dividindo o mesmo meio de transporte. O carpooling ou, no bom e velho português, a carona já é uma forma de reduzir as emissões.
Passo 4: Acomodação e Atividades
Lembre-se de incluir as emissões associadas à sua acomodação e atividades durante a viagem.
Muitos hotéis divulgam suas práticas de sustentabilidade e emissões associadas à hospedagem. Nesse sentido, uma acomodação mais sustentável tem consumo energético reduzido e/ou adoção de uma fonte de energia renovável; redução do consumo de água;
menor consumo de plástico e reduzir ou zerar o desperdício de alimentos.
Além disso, nas viagens corporativas, é importante considerar também o consumo de energia em seu quarto de hotel e em possíveis atividades, como um espaço de co-working. Por exemplo,
Passo 5: Compensação de Carbono
Uma vez que você tenha calculado a pegada de carbono das suas viagens a trabalho, as empresas podem utilizar de formas de compensação de carbono.
Muitas organizações oferecem programas de compensação que permitem investir em projetos de energia limpa ou de reflorestamento para equilibrar suas emissões de CO₂. Isso ajuda a diminuir o impacto ambiental de suas viagens.
Passo 6: Registre e Analise Seus Dados
Também é fundamental que as empresas mantenham um registro de todas as informações coletadas e dos resultados de suas análises. Isso permite que os negócios avaliem seu progresso ao longo do tempo e identifiquem novas áreas para reduzir sua pegada de carbono.
Se houver a divulgação pública desses dados, isso também é importante para se posicionar no mercado como uma empresa mais sustentável, ligada em práticas do ESG.
Passo 7: Faça Escolhas Sustentáveis
Com base em nos resultados, as empresas podem adotar medidas para reduzir sua pegada de carbono em viagens a trabalho.
Dentre elas, podemos citar: escolher voos com menor emissão de CO₂, utilizar meios de transporte com menor impacto ambiental, escolher hotéis mais sustentáveis e adotar práticas conscientes durante a viagem, como economizar energia e evitar desperdícios – o que nos leva ao próximo passo.
Passo 8: Eduque e Colabore
A conscientização e a colaboração são essenciais para promover a sustentabilidade nas viagens a trabalho, afinal, o comportamento pessoal também tem impacto na pegada de carbono.
Oriente os colaboradores e, se possível, estabeleça na política de viagens quais são as diretrizes ecologicamente corretas mais recomendadas para as viagens a trabalho.
Por fim, podemos dizer as empresas que querem se manter relevantes em um mundo sustentável, também precisam manter a atenção na sua pegada de carbono, nos impactos da emissão de gás poluente e nas formas de minimizar seus efeitos no planeta.
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