Lucros cessantes: quando se aplicam em viagens a trabalho?

Viagens corporativas são investimentos estratégicos que ampliam oportunidades de negócios, fortaleccem relacionamentos e impulsionam o crescimento das empresas.
Mas imprevistos como cancelamentos de voos, reservas de hotel canceladas ou falhas na prestação de serviços podem comprometer não apenas o cronograma da viagem, mas também gerar perdas financeiras que podem ir muito além dos custos diretos da viagem.
É aqui que entra o conceito de lucros cessantes, um direito que muitas empresas desconhecem, mas que pode representar uma compensação importante em situações adversas.
O que significa lucro cessante?
Lucros cessantes representam o que deixou de ser ganho em razão de um ato ilícito ou descumprimento contratual. Em outras palavras, é o valor que a empresa teria lucrado caso o problema não tivesse ocorrido.
Este conceito se diferencia dos chamados danos emergentes:
- Danos emergentes: prejuízos diretos e imediatos, como o valor pago de uma passagem aérea cancelada; ou
- Lucros cessantes: receita que deixou de ser gerada por conta do imprevisto.
Em viagens corporativas, os lucros cessantes podem ser aplicados quando problemas com prestadores de serviços impedem a empresa de realizar negócios, fechar contratos ou executar atividades que gerariam receita.
Quando é cabível lucros cessantes?
Existem diversas situações em que este tipo de indenização pode ser solicitada durante viagens corporativas. A seguir, listamos as mais comuns:
1. Cancelamento de passagens aéreas
Quando a companhia aérea cancela o voo sem justificativa plausível ou com pouca antecedência, comprometendo compromissos comerciais essenciais, como reuniões, apresentações ou participação em eventos.
Se você já enfrentou problemas com cancelamento de voo por no-show, sabe como essas situações podem ser frustrantes e custosas.
2. Cancelamento de reservas de hotel
A perda inesperada de acomodação pode comprometer toda uma agenda de negócios, especialmente quando não há alternativas viáveis na região.
Situações como essas, abordadas no nosso post sobre Hotel cancelou a reserva: e agora?, podem resultar em perdas financeiras significativas.
3. Atrasos significativos em voos
Atrasos que levam à perda de eventos, conferências ou reuniões já agendadas com potencial de retorno financeiro direto para a empresa também podem justificar o pedido de lucros cessantes.
4. Problemas com locação de veículos
Quando a indisponibilidade do veículo reservado impede deslocamentos essenciais para atividades comerciais, há base para reivindicar indenização.
5. Cancelamento de eventos ou conferências
Quando a empresa já investiu em inscrições, passagens e hospedagem, e o organizador cancela o evento sem aviso prévio adequado, há prejuízo claro.
O que diz a lei sobre lucros cessantes?
A legislação brasileira resguarda o direito à indenização por lucros cessantes. O tema está previsto no artigo 402 do Código Civil: “As perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.
Já o artigo 403 complementa: “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato…”.
Portanto, a lei é clara! O responsável pelo inadimplemento deve indenizar não apenas os danos diretos, mas também os lucros que o prejudicado deixou de obter como consequência direta do problema.
Ou seja, basta comprovar o dano e o nexo casual, independentemente da culpa, mas como?
Como comprovar o direito aos lucros cessantes?
A comprovação dos lucros cessantes é um dos aspectos mais desafiadores desse tipo de pleito. É essencial demonstrar o nexo causal entre o problema ocorrido e a perda financeira, bem como quantificar de forma razoável os valores envolvidos.
Documentação necessária
Os valores precisam ser plausíveis, proporcionais e baseados em dados reais da empresa. A seguir, os principais elementos de comprovação:
- Propostas comerciais ou contratos que seriam fechados na viagem;
- Histórico de faturamento em situações similares;
- Inscrições em eventos, feiras ou conferências de negócios;
- E-mails e trocas de mensagens que evidenciem a relevância da viagem;
- Agenda da viagem com compromissos comerciais; e
- Testemunhas que validem a expectativa de negócios.
Critérios usados pela Justiça
A jurisprudência geralmente avalia se os lucros cessantes eram:
- Prováveis: tinham alta probabilidade de ocorrer;
- Diretos: relação de causa e efeito clara do inadimplemento; e
- Previsíveis: poderiam ser antecipados no momento da contratação do serviço.
Como funciona o pagamento de lucros cessantes?
O pagamento dos lucros cessantes pode ocorrer de duas formas diferentes, dependendo da situação e da disposição das partes em negociar. Compreender o processo é fundamental para que as empresas saibam o que esperar e como proceder.
Acordo extrajudicial
A forma mais rápida e econômica de resolver a questão é por meio da negociação direta com o prestador de serviços. Muitas empresas preferem evitar processos judiciais longos e custosos, optando por:
- Pagamento à vista do valor acordado;
- Parcelamento em condições negociadas;
- Compensação por meio de crédito para futuros serviços; e
- Combinação de reembolso + lucros cessantes.
Geralmente, o pagamento ocorre entre 30 a 60 dias após o acordo.
Processo judicial
Quando não há acordo, o caso vai para o Judiciário, onde:
- Um juiz analisa a documentação e decide sobre o direito à indenização;
- Pode ser necessária perícia técnica para calcular os valores;
- O prazo de pagamento é determinado na sentença (geralmente 15 dias após o trânsito em julgado); e
- Juros e correção monetária incidem sobre o valor desde a data do fato; e
Como é feito o cálculo dos lucros cessantes?
O valor da indenização pode ser estimado com base em:
- Histórico de faturamento da empresa em situações semelhantes;
- Expectativa de fechamento de contratos;
- Média de resultados obtidos em eventos ou reuniões anteriores;
- Tempo de duração do prejuízo causado; e
- Parâmetros usados pela jurisprudência em casos similares.
Quem é responsável pelo pagamento?
A obrigação recai sobre quem causou o prejuízo por inadimplemento contratual, ato ilícito ou falha na prestação de serviço. Veja os principais exemplos:
- Companhias aéreas respondem por cancelamentos, atrasos excessivos e problemas operacionais;
- Agências de viagem podem ser responsabilizadas por má gestão de reservas ou serviços contratados;
- Hotéis que cancelam reservas confirmadas sem justificativa devem indenizar;
- Plataformas de reserva de hospedagem podem ter responsabilidade solidária em alguns casos;
- Locadoras de veículos são responsáveis quando a frota está indisponível, mesmo com reserva confirmada; e
- Organizadores de eventos devem responder por cancelamentos de última hora, especialmente quando envolveram investimento significativo por parte da empresa.
Dicas importantes para empresas
Outros pontos relevantes sobre isso são:
- Documente tudo: mantenha registros detalhados de todos os compromissos e potenciais negócios relacionados à viagem;
- Comunique imediatamente: notifique formalmente o prestador de serviços sobre os prejuízos causados;
- Busque alternativas: tente minimizar os danos buscando soluções alternativas (isso demonstra boa-fé);
- Consulte um advogado: casos de lucros cessantes podem ser complexos e beneficiam-se de orientação jurídica especializada; e
- Negocie primeiro: muitas vezes é possível chegar a um acordo extrajudicial, que é mais rápido e econômico.
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