O que há por trás do aquecimento do setor de viagens em 2022?

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2022 tem sido um ano decisivo e esperado pelo setor do turismo após os estágios críticos da pandemia nos últimos anos e uma série de fatores macroeconômicos. É notório que o setor de viagens, como um todo, foi um dos mercados mais atingidos por esses cenários conflituosos ao redor do mundo. O mercado de viagens alcançou alguns patamares pré-pandemia, porém luta contra alguns entraves que ainda rodam esses serviços, como veremos a seguir.  

Para se ter uma ideia atual do contexto mercadológico do setor de viagens, o faturamento das empresas de turismo no terceiro trimestre de 2022 registrou aumento de 76% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo os dados da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).  Neste mesmo trimestre analisado, as vendas nacionais subiram 87,90%, enquanto as internacionais aumentaram 82,26%. 

Em meio a isso, muitos subsetores viram suas vendas crescerem e alcançarem níveis pré-pandemia neste ano e é sobre isso que iremos discutir por aqui. 

Aquecimento do setor de Hotelaria 

De janeiro a novembro de 2022, o informativo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB)  registrou, em comparação com 2021, uma alta de 52,1% na taxa de ocupação, 31,6% na diária média e 100,1% no RevPar (receita por quarto disponível). Quanto à análise por região, a taxa de ocupação apresentou desempenho positivo em todas as localidades, variando entre 31,1% no Norte e 59,8% no Sudeste. 

A diária média também apontou percentuais positivos em todas as regiões, 26,1% no Centro-Oeste; 22,2% no Nordeste; 22,7% no Norte; 36,9% no Sudeste e 20,9% no Sul. Para o indicador de RevPAR, os percentuais positivos variam entre 74,8% no Nordeste e 139,3% no Sudeste.

Para a hotelaria, o impacto do COVID se deu justamente pela suspensão das viagens, em decorrência das normas sanitárias de isolamento social, que levou à queda rápida da demanda e à paralisação da operação da maioria dos hotéis no Brasil e no mundo. E que só foi estabilizada de forma plena com os avanços da vacinação por todas as regiões brasileiras. 

Diante desta corrida, ainda segundo o FOHB, existe uma previsão total de investimentos para o setor de R$ 5,3 bi com abertura até 2026. Sendo que Sul e Sudeste, por terem uma economia considerada sólida e diversificada, continuam concentrando a maior parte da nova oferta hoteleira do Brasil. Porém, a região Nordeste vem crescendo e ganhando força. 

Aquecimento do setor Rodoviário

Opção mais barata que o transporte aéreo, o setor rodoviário também apresentou alta em seus números. Segundo a ClickBus, plataforma brasileira de venda de passagens, de janeiro a setembro deste ano foram vendidas 83% a mais de passagens do que no mesmo período de 2020.

Apenas no mês de setembro, foram realizadas 30% a mais de vendas, na comparação com o mesmo período de 2021. Mais de 70% das compras na plataforma foram realizadas por novos usuários. Também se observou um aumento nas buscas por esse tipo de transporte no mesmo período, registrando um crescimento de 275% na média diária de buscas no site comparado a 2021.

De olho nessa demanda, empresários do setor também se movimentaram. Para se ter uma ideia, no ano passado, de janeiro a setembro, foram vendidos cerca de 500 ônibus rodoviários para o mercado brasileiro. Já em 2022, no mesmo período, foram emplacadas cerca de 1.270 unidades, alcançando um crescimento exponencial na ordem de 145%. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Transportes Terrestres (Abrati).

Aquecimento do setor Aéreo 

No aquecimento do setor aéreo, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) entre janeiro e outubro de 2022, a movimentação total de passageiros domésticos foi de 65,7 milhões, o que já supera o registro de passageiros pagos em todo o ano de 2021, de 59,5 milhões.

A movimentação doméstica no mês de outubro foi de 7,19 milhões de passageiros pagos, um aumento de 21% em relação aos 5,94 milhões de passageiros transportados em outubro de 2021 e 85% da movimentação auferida no mesmo período em 2019, antes do início da pandemia de covid-19, que foi de 8,37 milhões de passageiros.

A demanda doméstica, medida em passageiros-quilômetros pagos transportados (RPK), registrou uma variação positiva de 18,3% em relação a outubro do ano passado. A oferta, aferida por assentos-quilômetros ofertados (ASK), teve um aumento de 14,9% em comparação com o mesmo ano de 2021.

O que há por trás desses números? 

Diante da decrescente numérica e uma certa apreensão dos grandes players do turismo nos anos anteriores, 2022 se mostrou bastante reativa as perdas. Afinal, existia uma demanda reprimida gigantesca e uma certa esperança no “novo normal”. Além disso, com o processo de vacinação ativo e a flexibilização das medidas sanitárias, fizeram com que a confiança para viajar aumentasse e, consequentemente, o desempenho dos hotéis, rodoviários e aéreo se intensificam. Porém, é preciso elencar outros fatores sistêmicos. 

Na hotelaria, a volta dos hóspedes, que gerou a recuperação da ocupação do mercado hoteleiro, se deu com, naturalmente, o aumento dos preços das diárias que estão sendo aplicadas. Uma vez que as tarifas caíram exponencialmente durante os últimos dois anos e a inflação subiu 15%, puxada, principalmente pelas contas de utilidades, A&B e folha de pagamento. Por isso, o principal motor de recuperação de desempenho foi  o aumento da tarifa.

Já na margem operacional do setor rodoviário, a competitividade dos preços e a modernização da infraestrutura dos ônibus são fatores que podem estar impactando na expansão do transporte rodoviário de passageiros.

O setor aéreo, por sua vez, é o mercado que mais apresenta fatores externos, de manutenção e macroeconômicos como justificativa, para além da demanda reprimida do aquecimento do setor. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia bagunçou o mercado mundial energético e de combustíveis. 

As incertezas dentro do cenário macroeconômico mundial elevaram, com valores recordes, o preço do petróleo, influenciando expressivamente o preço médio do querosene de aviação (QAV), somado ao aumento na cotação do dólar, que pressionou cada vez mais o setor da aviação, com efeitos diretos nas passagens aéreas nacional e internacional – focos de discussões dentro e fora do mercado.

Para o mês de outubro, no Brasil, o bilhete aéreo foi comercializado pelo preço médio de R$ 638,36, com alta de 13,9% em termos reais (descontados os efeitos da inflação do período) na comparação com o mesmo mês de 2019, antes da pandemia de covid-19. Ainda em comparação com outubro de 2019, o preço do querosene de aviação (QAV) aumentou em 120%, subindo de R$ 2,32 por litro em 2019 para R$ 5,11 em 2022.

Para 2023, as expectativas para o setor do turismo é de crescimento de 53,6%, avalia Fecomercio/SP. Como você viu o aquecimento do setor hoteleiro, rodoviário e aéreo em 2022? Conta pra gente!

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José Alberto Rodrigues
José Alberto Rodrigues

Olá! Me chamo José Alberto Rodrigues. Sou jornalista e pós-graduado em Comunicação e Marketing. Sou o Analista de Conteúdo na Onfly e nos últimos meses venho me dedicando a entender como funciona o mercado de viagens corporativas e como otimizar os custos de viagens das empresas. Para falar comigo, é só mandar um e-mail para jose@onfly.com.br