A pandemia de Covid-19 e o distanciamento social como forma de conter o vírus trouxeram muitas mudanças no dia a dia de todos, inclusive na forma de trabalhar, de encontrar os amigos, de comemorar datas importantes e até de bater papo. Com isso, também vieram alguns efeitos negativos, como a fadiga do Zoom, um efeito que tem chamado a atenção de pesquisadores.
Muitas pessoas passaram a trabalhar em casa desde meados de Março de 2020 e isso as obrigou a realizar reuniões virtuais o tempo todo. Como se não bastasse, todo tipo de interação social em 2020 (e até hoje, em 2021) foi resumida a videoconferências. Não é para menos que todos estamos cansados das chamadas de vídeo.
Mais do que cansados, pesquisadores da Universidade de Stanford alertam sobre os efeitos que as videoconferências podem ter na saúde das pessoas e dá orientações para lidar com a fadiga gerada por reuniões virtuais, aulas online, reuniões de amigos e familiares por videoconferência, entre outros encontros através das telas.
Se você ainda não conhece o efeito gerado pelas chamadas de vídeo, mais conhecido como fadiga do Zoom, veja a seguir mais detalhes sobre o assunto.
Por que é chamado de fadiga do Zoom?
Pode parecer óbvio, mas se você ainda não entendeu porque esse efeito é chamado de fadiga do Zoom, saiba que é por causa da plataforma americana de videoconferências. A plataforma Zoom foi uma das mais utilizadas em 2020, e agora em 2021, para reuniões a trabalho e aulas online.
Mas esse efeito se aplica a qualquer tipo de videoconferência, inclusive a que fazemos com o celular para conversar com amigos e familiares pelo WhatsApp, por exemplo. Independente da plataforma utilizada, a fadiga de Zoom é o cansaço gerado por passar horas em chamadas de vídeo, mesmo que seja para atividades de lazer.
Para você ter uma ideia, em alguns países de língua inglesa, as pessoas já têm usado o termo “zoom” como verbo. Pode-se dizer “zooming” como sinônimo de “fazendo uma videoconferência” ou uma “call“. E não importa se a chamada de vídeo é por Google Meet, Skype, WhatsApp, Teams, Facebook ou Signal, você está “zooming”.
Tudo isso porque as videoconferências tem causado um grande impacto na vida das pessoas durante a pandemia. Mesmo com o efeito fadiga do Zoom, elas ainda são muito importantes para a rotina de trabalho e também permitem estar mais próximo daqueles que não podemos ver pessoalmente, pelo menos enquanto o distanciamento social ainda se faz necessário.
Por que a fadiga do Zoom ocorre?
Pesquisadores da Universidade de Stanford tentaram entender porque as videoconferências estão causando essa fadiga e concluíram que há 4 causas principais, sendo elas:
- Cansaço visual causado pela curta distância entre os olhos e a tela;
- Efeito espelho durante muito tempo, que é quando olhamos para a nossa imagem o tempo todo;
- Mobilidade reduzida durante uma chamada de vídeo;
- Muita comunicação não verbal, que é quando nos comunicamos muito com gestos.
Todos esses itens fazem parte da comunicação virtual e a longo prazo, isso pode causar uma grande sobrecarga não verbal.
Em uma videoconferência podemos ver a nós mesmos e mais tantas outras pessoas em pequenos quadradinhos dentro de uma única tela. É muita informação para o nosso cérebro processar todos os dias. Já em uma reunião presencial você não conseguirá ver todos os indivíduos ao mesmo tempo. Isso faz com que você não fique tão sobrecarregado.
“Se o rosto de alguém se destaca em sua esfera visual na vida real, geralmente isso significa que você está prestes a lutar ou a acasalar. Você fica alerta, hiperconsciente, e sua frequência cardíaca aumenta. E, em videochamadas, geralmente os rostos de várias pessoas preenchem completamente as caixas. É muito para o sistema nervoso do corpo lidar”
Jeremy Bailenson, pesquisador da Universidade de Stanford, em entrevista à Microsoft
Além disso, os pesquisadores explicam que ao fazer uma vídeo chamada é como se estivéssemos atuando o tempo todo. Quando estamos em uma reunião presencial, fazemos inúmeros gestos que nem nos damos conta.
Já em uma videoconferência estamos acostumados a ver o nosso espelho. Dessa forma, nosso comportamento tende a ser de alguém controlado, que está atuando o tempo todo. Isso também causa um grande desgaste mental.
Quais são os problemas que esse efeito pode gerar na saúde?
O principal problema gerado pela fadiga do Zoom é o estresse. As reuniões e encontros virtuais geram cansaço nos olhos, dores de cabeça (podem causar crises de enxaqueca), estresse excessivo e até problemas emocionais por causa da autoavaliação exagerada e negativa.
O fato de nos vermos espelhados durante uma reunião virtual nos faz querer mudar a nossa própria imagem. O aumento da excessiva exposição das pessoas nas telas de computador, tablet e smartphone ocorreu juntamente com uma maior procura por procedimentos estéticos, harmonizações faciais e cirurgias plásticas.
Em 2020, por exemplo, o termo “rinoplastia” teve um aumento de 233% na procura de acordo com dados do Google Trends. O mesmo aconteceu com o termo “harmonização facial”, que teve um crescimento de 669% na procura após o início da pandemia.
Como evitar a fadiga do Zoom ou reduzir esse efeito?
Os pesquisadores orientam que é preciso realizar mais estudos para entender melhor o que causa esse efeito e quais seriam as soluções mais adequadas a serem implementadas nos softwares e até na rotina de trabalho. Mas eles dão algumas orientações para evitar esse efeito ou reduzir, caso você já esteja sentindo a fadiga do Zoom.
Entre as principais orientações dos pesquisadores para evitar ou reduzir o efeito da fadiga do Zoom estão:
- Não usar programas de vídeo chamadas em tela cheia;
- Usar um teclado externo para que haja uma maior distância entre o rosto da tela;
- Conferir se a sua imagem está bem-posicionada dentro da câmera, fazendo os ajustes necessários, e clicar em “hide self-view” para evitar que você fique olhando a própria imagem durante a reunião;
- Desligar a câmera quando for possível e conversar apenas com o áudio ligado.
Além dessas orientações que devem ser adotadas ao realizar vídeo chamadas, é importante lembrar que hábitos saudáveis também contribuem para uma melhor qualidade de vida.
Isso significa que você pode e deve fazer alguma atividade física, principalmente se for algo prazeroso como a prática de um esporte, alimentar-se bem e passar menos tempo olhando para as telas.
Ou seja, se você passa horas trabalhando ou estudando na frente da tela e ainda faz videoconferências com frequência, aproveite o tempo livre disponível para ter alguma atividade ao ar livre, para fazer algo prazeroso e para praticar o autocuidado. Tudo isso contribuirá enormemente para a sua saúde física e mental.
O papel das ferramentas em diminuir os efeitos negativos
Recentemente, as empresas donas das principais ferramentas de vídeo sentiram a pressão de criar formas de aliviar o stress e a fadiga do zoom em seus serviços. Até o CEO do Zoom, Eric Yuan, afirma estar cansado das reuniões.
O Zoom lançou a ferramenta “visualização imersiva”, em que o programa posiciona até 25 participantes em um cenário predefinido, como um auditório ou uma mesa de reunião.
A Microsoft, com o Skype e o Teams, também entrou na tendência com o “modo juntos”, que também posiciona os usuários em cenários virtuais. Nesse modo, outra funcionalidade também surgiu: todos os participantes veem a mesma cena, ou seja, não há alteração no posicionamento dos participantes. Isso promete ajudar a aliviar o cérebro, que se sobrecarrega com a falta de memória espacial.
E você, já sentiu o efeito da fadiga do Zoom? Conte nos comentários.